Por Isaias Costa
Eu sou um rapaz que, apesar de jovem, penso muito a respeito da velhice. É um tema que a juventude quer distância. Infelizmente estamos vivendo em uma época que idolatra a beleza física, a juventude. Muitos querem criar um elixir da vida. Existem milhares de produtos químicos e farmacêuticos que prometem uma melhora da pele, ou rejuvenescimento. As pessoas mais vaidosas veem esses produtos e caem como “patinhos” nessas furadas. Elas estão gastando muito dinheiro para tentarem disfarçar algo que não pode ser disfarçado, a idade. Se você tem 50 anos, como pode querer ter aparência de 20? Não dá meu amigo! É biológico, o corpo vai se degenerando naturalmente dia após dia, e não há nada que se possa fazer para evitar que isso aconteça.
Mas o que quero falar mesmo é sobre como deve ser envelhecer? Se as pessoas colocassem na cabeça que envelhecer não é algo tão ruim assim, com certeza a indústria farmacêutica não seria tão milionária ou bilionária. Não haveria tantos velhos querendo ser garotos.
Vou falar algumas coisas que só podem ser vivenciadas se você envelhecer. Por exemplo, o crescimento dos filhos. Isso é maravilhoso, pensar que seu filho um dia foi só um bebê, você acompanhou todo o seu crescimento e na velhice percebe que ele deu certo na vida, casou-se, teve filhos, estruturou-se financeiramente, está morando num belo apartamento e tem um belo carro. Esse é o tipo de coisa que só envelhecendo para poder ver. Além dos filhos, têm também os netos. Poder segurar no colo o filho do seu próprio filho, é uma experiência muito bonita, é uma experiência que faz você se transportar para o tempo em que o seu filho também era só um bebê, e imagina que o pequenininho que você está segurando vai ter uma personalidade bem parecida com a do seu filho, fica até imaginando as coisas que ele fará no futuro. São experiências muito marcantes na vida de um velho.
Muito interessante também é viver as mudanças que se observa no corpo. Começam a aparecer rugas e mais rugas, o seu vigor físico vai diminuindo pouco a pouco, os cabelos brancos começam a se alastrar, muitos homens começam a ficar carecas, a visão vai ficando mais desgastada, a audição também, você não consegue mais comer aquela “bacia” de comida que ingeria na juventude, não consegue mais competir com os amigos quem come mais pedaços de pizza no rodízio, corre dois minutos e já sente dores nas pernas, e por aí vai. Talvez você pergunte. O que há de tão bonito nisso? Como posso achar isso interessante? O que eu posso fazer para lidar com isso? Eu acredito que a melhor forma de lidar com tudo isso se chama contentamento. Mas afinal, o que significa contentamento? Contentamento é se sentir alegre e satisfeito. Se você se sente alegre e satisfeito, não vai ficar chorando pelos cantos porque está ficando velho não é mesmo? É ter a ideia introjetada na mente. Existe tempo para tudo, o tempo de criança, o tempo de adolescente, de jovens adultos, de adulto maduro, e em seguida o tempo da velhice. Não existe um tempo melhor ou um tempo pior, existe o hoje, o agora, isso é a única coisa que existe. Se você tem 20 anos, ótimo. Viva como um jovem de 20 anos. Se você tem 40 anos, também. Viva como alguém de 40 anos, seja responsável, trabalhe, sustente sua família, cuide dos afazeres domésticos e viva sereno. E se você tem 60 anos ou mais, aproveite bem esse tempo, muita coisa pode ser feita dessa idade em diante, basta ser criativo.
Um hábito que pretendo cultivar quando for um velhinho é a leitura. Essa é uma das melhores práticas de um idoso. Porque não exige esforço físico e ao mesmo tempo você estará deixando o seu cérebro sempre ativo, vai continuar aprendendo coisas novas, o que eu acho maravilhoso também. Quero chegar à velhice sempre aprendendo coisas novas, além do fato de não ficar esquecendo de tudo. Quero chegar às pessoas chamando-as pelo nome. Sem ficar, ãhhn, uhnn, como é seu nome mesmo? Não. Quero trabalhar minha mente para ter muita memória e não ter esse tipo de dificuldade.
Quero concluir deixando uma das músicas mais incríveis que fala sobre envelhecimento. O título deste post faz parte do refrão da música “envelhecer”, de Arnaldo Antunes. “Não quero morrer, pois quero ver como será que deve ser envelhecer”. Espero que curtam…
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