Por Isaias Costa
A grande maioria das pessoas têm uma tendência a enxergar as coisas de uma forma muito limitada e reducionista, por diversos motivos, mas o que acredito ser o principal deles é a falta de autoconhecimento.
Quando falamos em felicidade, o mais comum é pensar que ela é algo para ser buscado. O engano já começa daí, porque a felicidade não se busca, pois ela é um estado do ser. Da mesma forma que a infelicidade bate à nossa porta muitas vezes de forma que não podemos mandá-la embora.
De um modo geral fazemos algumas associações bastante reducionistas, como associar felicidade com alegria e infelicidade com tristeza, o que, se você observar com um pouco mais de atenção e detalhamento, muitas vezes não se verifica.
É possível SIM, estar feliz em momentos de tristeza, assim como estar infeliz em momentos de explosão de alegria e gozo.
Quero levar você a refletir junto comigo sobre essas sutilezas a partir de alguns exemplos.
Digamos que você desenvolveu algum vício como bebidas alcoólicas em excesso, drogas, sexo, exageros de comidas, compras etc.
De um modo geral, os vícios são a prova de que há conflitos internos na pessoa, de que ela em algum setor da vida está infeliz, e o vício é uma tentativa de preencher esse vazio que foi construído ao longo do tempo.
Em muitos desses casos, a pessoa se sente alegre, mas está profundamente infeliz, portanto, existe uma tristeza envolvida.
Eu posso ficar extasiado ao puxar um baseado, ou beber uma garrafa de uísque. Posso ficar muito zen fumando maconha, posso achar que sou o cara mais felizardo do mundo porque consigo transar com várias garotas, ou porque tenho a possibilidade de comprar tudo que quiser, porque a conta bancária do meu pai é “sem fundo”.
Em todos esses exemplos e muitos outros existe um vazio difícil de ser preenchido, vazio este que seria maravilhoso que a pessoa buscasse algum tipo de terapia, não importa qual seja. Hoje em dia, com o acesso ilimitado à internet, existem materiais incríveis e gratuitos, que podem lhe ajudar a mergulhar fundo no autoconhecimento. Esse próprio blog, está repleto de textos profundos e reflexivos, cabe a você ter a curiosidade de ir além do agora, como o próprio nome do blog sugere…
Esses são apenas alguns exemplos de alegrias tristes.
Da mesma forma que existem tristezas que por detrás carregam uma alegria absurda.
Um dos melhores exemplos são os lutos de relacionamentos amorosos. Você se sente como se o mundo fosse acabar, como se o chão fosse retirado e você caísse num abismo sem fim. Mas essa é uma dor e tristeza terapêutica, porque faz com que você retire de si uma ILUSÃO, é como sempre gosto de dizer: a desilusão é uma benção, uma dádiva. E você pode ler com mais profundidade nesse texto [aqui].
Você chora dias seguidos, fica um “bagaço”, como se costuma dizer, mas depois que você espreme toda a dor e desse bagaço não sobra mais nada, começa a surgir uma pessoa muito mais forte, muito mais consciente, muito mais viva e muito mais desejosa de ter um novo relacionamento cheio de novas vivências e experiências.
Existe uma alegria muito frutuosa nessa tristeza, que infelizmente são poucos os que conseguem enxergar. Estou com esse breve texto levando você a refletir um pouco mais sobre esse tema lindo e universal que são os relacionamentos amorosos.
Aproveito também para compartilhar um áudio bem bacana que gravei para falar exclusivamente sobre o luto nos relacionamentos amorosos. Vale a pena conferir…
Outro exemplo interessante são as pessoas que tiveram doenças gravíssimas e que tiveram que ficar meses ou mesmo anos prostradas numa cama com a certeza de que nunca mais poderiam sair dali. Elas sofrem imensamente e as famílias mais ainda porque precisam dividir a responsabilidade do cuidado entre várias pessoas e em alguns casos recai a responsabilidade sobre uma única pessoa, que passa a viver em função da que está doente.
Em muitos desses casos, quando a pessoa desencarna, há logicamente um luto pela morte da pessoa, mas ao mesmo tempo vem uma profunda alegria por saber que todo o sofrimento que ela vivia foi cessado pela morte.
Esse é um exemplo perfeito de alegria triste. A tristeza vem, mas carregada pela alegria de saber que a outra pessoa não está mais sofrendo. A felicidade e a infelicidade se misturam de uma maneira linda e inexplicável.
Portanto! Que a partir desses poucos exemplos, você aprenda que não podemos ser reducionistas e simplistas para falar sobre o tema profundo da felicidade e da infelicidade.
Essa é uma temática que cabe muito bem a conhecida frase de Shakespeare: “Há mais mistérios entre o céu e a terra do que sonha nossa vã filosofia”.
Pense com carinho sobre tudo isso a aprenda com as alegrias tristes e tristezas alegres a ser uma pessoa cada vez melhor e mais consciente…