Por Andreia Carvalho
Esse é o texto de estreia da querida Andreia Carvalho aqui no blog. Ela escreve sobre temáticas bem alinhadas com a proposta desse portal, então pra mim é um prazer compartilhar suas palavras para que mais e mais pessoas leiam, reflitam e que nessa corrente do bem, todos nós cresçamos juntos! Seja muito bem-vinda!
*************
“E apareceu-lhe um anjo do céu, que o confortava” (Lucas 22:43)
Há momentos na nossa caminhada que a nossa alma recusa-se ser consolada por qualquer coisa da terra. É hora de uma intervenção divina.
Jesus consegue entender esse sentimento porque a angústia também se apoderou Dele, e a sua humanidade foi testada nos últimos limites. Ele orava em agonia enquanto os amigos dormiam, e entendo que a razão era uma só: a solidão é uma das piores dores que existem, ninguém pode preencher o vazio que existe na condição de ser humano, só uma partícula divina completa a falta que há em nós, e Jesus compartilhava da natureza humana, embora também fosse divino. Os últimos resquícios de humanidade estavam sendo espremidos. Na prensa de azeite que era aquele jardim, estava a Oliveira verdadeira sendo massacrada pelos os temores humanos. Não saía óleo, mas gotas de sangue corriam do seu rosto até o chão.
A literatura médica chama essa condição rara de hematidrose, que ocorre quando as veias capilares debaixo das glândulas sudoríparas se rompem e se misturam ao suor, causada principalmente por fatores emocionais. Literalmente Ele suava sangue. A alma do Mestre estava em agonia e tristeza, pois Ele sabia do que estava prestes a vir. Enquanto homem, Ele cogitava rejeitar aquela cruz, porém enquanto Deus Ele queria ir até o fim. A sua vontade era passar o cálice, mas Ele não estava ali para cumprir a sua vontade e sim a do Pai. Não havia nenhuma palavra de homem que pudesse confortá-lo. Era necessário uma manifestação divina para suportar aquele momento, por isso Deus envia-lhe um anjo.
Assim também acontece conosco, tem dias que nossa alma encontra-se em extrema agonia. A dor de existir inerente ao ser humano é singular a cada um. Como disse Freud “a vida é árdua demais”, por isso, cada pessoa lida da melhor forma que consegue. Alguns desenvolvem mecanismos improváveis para dar conta, uns se empenham em desenvolver uma espiritualidade, outros buscam entorpecer-se de alguma forma, outros sucumbem ao sofrimento e ainda há aqueles que conseguem enxergar a vida como bela! E é essa diversidade de perspectivas da vida que a torna tão complexa.
Para Sartre o homem está condenado a ser livre, porém frente às decisões e escolhas que se apresentam para que ele faça, o ser humano percebe a sua real condição existencial: o desamparo. Era esse sentimento de estar sozinho que corroía Jesus no Getsêmani, e é esse sentimento que a condição de humanidade nos impõe. Diante das escolhas que a vida nos cobra, nas dificuldades e adversidade que enfrentamos, por vezes nos sentimos em agonia e extrema angústia. Não sabemos conceituar com extrema exatidão o que é angústia. Só sabemos que trata-se de algo que parece nos comprimir por dentro, nos faz percorrer caminhos que não sabemos como voltar, a sensação de não existir mais ninguém, o sentimento de estar só naquela viagem.
Nessa hora acredito que apenas um consolo vindo do céu pode nos alentar. Esse consolo chega de formas variadas e surpreendentes. Nem sempre vai chegar um anjo do céu para nos consolar, mas chegam amigos, animais de estimação, às vezes uma música… muitas são as formas do céu se manifestar conosco! E a verdade é que o desamparo é sim característica do ser humano, porém podemos contar com o que o outro pode nos oferecer. Por vezes não vem de onde esperamos, mas de lugares improváveis o suporte que precisamos para conseguir dar conta da nossa vida!
Cada vez mais essa lacuna que existe no ser humano tem lhe causado transtornos. Compreendendo o homem como uma tricotomia, sabemos que precisam andar alinhados para que haja qualidade de vida. Corpo, alma e espírito precisam de cuidados.
Todos nós teremos dias que precisaremos ser confortados e de alguma forma o céu se manifestará ao nosso favor.
****

Olá, Andreia! Felicito-lhe pelo texto. De fato, todos nós necessitamos de algo que não se encerra em nós mesmos; de algo que estabeleça ponte entre nós e o outro. Isso projeta a ideia de nossa fraqueza, falibilidade e incompletude. Isso é o ser humano.
Que alegria receber um comentário seu Teógenes. Ela vai ficar muito feliz ao ler teu comentário e certamente super motivada a nos brindar com outros textos excelentes! Esse é só o início de uma parceria que já está dando muito certo!
Grande abraço e tudo de bom pra ti!
Muito forte. Precisava ler isso!
Fico feliz que tenha sido o que você precisava!
Parabéns. Ótimo texto.
Obrigado!!!
Muito lindo esse texto, dessa pessoa Maravilhosa, precisamos de ter essa sensibilidade humana, tenho uma frase que diz “Semeie Pessoas e Colha Talentos”
Que você sempre tenha essa expiração manhã linda!
Obrigado Anderson!!!
Olá Teógenes,
Muito obrigado, fico muito feliz de poder contribuir para um melhor entendimento dessa complexidade que é o ser humano!
Abraços
Obrigado!!!