Por Isaias Costa

“A minha educação emocional começou no fim da adolescência, quando vi a minha mãe quebrar todos os tabus da nossa família e começar a fazer terapia. A nossa família era como tantas que eu conhecia – implodíamos discretamente.
Estávamos no início da década de 1980 e por mais sombria e difícil que a situação se tornasse, nunca se discutia como estávamos nem o que sentíamos, até que a minha mãe começou a fazer terapia. Quanto mais curiosa ela se tornava a respeito da sua vida e dos seus sentimentos – e das nossas vidas e dos nossos sentimentos – pior a situação se tornava. As intermináveis escavações da dor e da mágoa pareciam não ter fim. Eu não tinha certeza se valia a pena. Mas minha mãe via esse reconhecimento emocional como uma situação de vida ou morte.
Então, contra todas as probabilidades, minha mãe começou a recuperar suas forças depois de uma longa e lenta queda que começou quando eu tinha cerca de 12 anos. Durante os anos seguintes, ela ia nos ensinando tudo o que aprendia na terapia, e essa pequena centelha deu início a uma transformação inextinguível na nossa família. Também deu origem a vários anos de desconforto e dor tremenda, e incinerou muito daquilo que conhecíamos – incluindo o casamento dos meus pais.