Propositalmente nascemos

Por Andreia Carvalho 

Vespa do figo
O figo, é uma fruta originária da região do mediterrâneo, mas na verdade é uma flor invertida. O que tem por dentro é a flor e o que está por fora é a semente. Entretanto sabemos que toda flor precisa ser polinizada e como esse processo ocorre se a flor está escondida? Pois bem, o nosso Deus cuida de cada detalhe. Existe na natureza um inseto que foi criado especificamente para este fim, é a vespa-do-figo. De forma extraordinária e perfeita esse inseto penetra numa pequena abertura da flor, poliniza e põe lá os seus ovos, que transformam-se em pequenas larvas e saem pelo orifício. Porém, o trabalho dessa vespa distingue-se pelo o altruísmo empregado por ela na tarefa.

Ela entra no ‘fruto’ e nunca mais sai dele, pois ao passar pela pequena abertura as suas asas e antenas são arrancadas, e o trajeto de volta é impossível. Dessa forma, ela entra e cumpre o propósito para que foi criada: polinizar a flor e se reproduzir. As larvas que saem, transformam-se em vespas e cumprem o mesmo papel, e assim de forma espetacular doam os seus próprios corpos para um bem maior. O corpo dela é transformado em proteína e ninguém o detecta pois mistura-se em um delicioso fruto. Assim como esse inseto nasce com um propósito a cumprir, todos os demais seres criados têm a sua importância e seu propósito específico para realizar.

Na natureza existem muitos outros exemplos de parcerias onde um organismo precisa do outro para continuar existindo. Somos como peças de encaixe na criação divina. Para algumas coisas nos foi vetado o poder de escolha, simplesmente já está pronto antes de nós. A cor da pele, dos olhos, a família onde nascemos, a localização geográfica… Mas o homem é o único ser criado que questiona a razão da sua existência. Vivemos em busca de sentido para viver porque não aceitamos a ideia de não fazer parte de algo maior que nossa própria vida. Mergulhamos num vazio existencial sem fim e lutamos com todas as nossas forças para se desvencilhar do nosso criador. É talvez o maior questionamento humano. Desde que o pensamento começou a ser compilado, encontramos as questões existenciais em pauta.

Segundo Platão, o homem é um ser em busca de significado. E é sem dúvida, esse sentimento de insignificância que tem feito muitas pessoas viverem em busca de um sentido para viver. Uma busca frenética que as faz experimentarem as mais variadas formas de preencher esse hiato. Pois somos seres singulares munidos de uma identidade e personalidade únicas, no entanto, não fomos criados ou nascemos isoladamente, o outro sempre esteve presente em nossas vidas. Até porque, grande parte do que somos construímos socialmente e não existe lugar na criação de Deus para o isolamento, o individualismo ou mesmo a solidão. O homem é um ser que precisa se relacionar para o seu próprio bem estar.

Enquanto não entendermos que o maior propósito para o qual nascemos é ser parte de um grande projeto que já existia antes de nós, não haverá sentido para nossa existência. O grande projeto designa papéis específicos a cada um, porém todos têm uma grande importância. Quem um dia já não teve a sensação de se encaixar perfeitamente numa posição, num lugar, em alguma coisa que realizou? Como um grande quebra-cabeça onde cada peça (que somos nós) se encaixa no lugar certo assim é propósito da nossa existência. Quando encontramos perdido por aí uma peça de um quebra-cabeça qualquer, reconhecemos que trata-se de uma peça de quebra-cabeças, mas só uma peça
não dá para saber o que significa. É apenas um fragmento de algo, que sem as demais peças perde o seu valor e seu significado.

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As pessoas estão se sentindo cada vez mais perdidas, sem valor e sem significado para a sua existência, porque não entendem a importância do outro nas suas vidas. O egoísmo tem nos feito solitários! A vida ganha sentido quando olhamos ao nosso redor e nos perguntamos, em que posso ser útil? O que posso fazer para cumprir meu propósito de vida?

A vespa não questiona entrar no figo! Se ela se recusar a fazer isso, a sua vida perde o motivo de existir. Ela precisa entrar para se reproduzir e polinizar a flor! Não conclamo passividade diante da vida, mas precisamos compreender que não somos descartáveis ou obras do acaso. No entanto, o ser humano está questionando tantas coisas que tem se perdido em seus próprios questionamentos. Somos muito mais que fisiologia, vivências, traumas, dilemas, diagnósticos, rótulos…

Há um propósito para o qual você nasceu que transcende toda compreensão humana! Talvez você se pergunte: Como posso descobrir isso? Feche seus olhos e lembre-se de todas as coisas que você já superou. Será mesmo que não existe um motivo especial para você continuar de pé até o dia de hoje?

Não acredito nem em coincidência, nem em obra do acaso. Acredito em propósito!!!

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IMG-20191006-WA0000Andreia Carvalho, moro na cidade do Rio de Janeiro, sou Psicóloga Clínica e amo escrever. Escrevo sobre psicologia e gosto de enfatizar a importância da espiritualidade na vida do ser humano. Costumo definir minha vida com uma frase de Viktor Frankl “Encontrei o sentido da minha vida, ajudando os outros a encontrar o sentido das suas” e três coisas não podem me faltar: fé, livros e café!

3 Comentários

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3 Respostas para “Propositalmente nascemos

  1. Anderson Silva

    Sempre excelentes textos com conteúdos Maravilhosos. Parabéns!

  2. Marcelle Gazolla

    Maravilhoso !

  3. Claudia

    Excelente texto! Muito obrigada por esse momento de reflexão.

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