Por Isaias Costa

Esse é um texto bem diferente do que você talvez já tenha lido até esse momento. Vou tratar de um tema muito sério e tenho absoluta certeza de que o meu pensamento bate de frente com o de milhares, talvez milhões de pessoas.
Eu cresci inserido em um contexto totalmente religioso e acho isso muito bonito. Agradeço todos os dias ter tido essa oportunidade única e esse privilégio imenso, porém, como eu tenho uma natureza humana extremamente questionadora, desde pequenininho eu tive muita coisa que jamais consegui acolher no mais profundo do meu coração, e uma dessas coisas é a frase que intitula esse texto: “Que o meu cansaço a outros descanse”.
Muitos atribuem essa frase a São Francisco de Assis, mas eu tenho minhas dúvidas. Então prefiro dizer que desconheço a sua autoria.
Enfim, eu ouvia essa frase constantemente da minha mãe e ela utilizava num pensamento bem religioso mesmo, pensando que esse cansaço era uma espécie de “oferenda” a Deus, um sacrifício em prol do serviço descompromissado etc. etc.
Quero deixar claro que sempre respeitei e continuo respeitando profundamente esse pensamento da minha mãe. Na realidade, ainda hoje ela pensa mais ou menos assim. Mas eu penso diferente e ela mesma sabe disso. Agora vou falar para você como eu penso, e mais uma vez deixo claro que você tem todo o direito de discordar de mim.
Quando eu digo essa frase, estou trazendo para a minha própria realidade algo que faz parte da realidade interna de outra pessoa, e isso, dentro de uma linguagem metafísica, que é a que estou explanando aqui, se trata de uma INTERFERÊNCIA. Vou explicar.
Eu acredito profundamente na chamada LEI DO CARMA. E esta lei nos diz que absolutamente todas as experiências que uma pessoa vive, de uma forma ou de outra sempre estão relacionadas com as atitudes e comportamentos que ela teve ao longo da vida.
Levando essa lei para a linguagem mais religiosa, seria mais ou menos o que os cristãos dizem: “Ninguém recebe uma cruz maior do que a que pode carregar”. Bem! Essa frase é muito interessante, ela fala sobre a lei do carma em outras palavras.
Cada pessoa tem que passar por determinadas experiências ao longo da vida para que consiga EVOLUIR espiritualmente, porém, no meio de todo esse processo ela se depara com situações bem difíceis, que normalmente geram medo, tristezas, sofrimentos e angústias. Isso é natural, TODOS NÓS passamos por isso.
Infelizmente, dentro desse processo surgem as pessoas que tem uma alma mais caridosa e olham essas estórias com aquele pensamento: “Eu preciso fazer alguma coisa para ajudar essa pessoa…”.
É exatamente nesse ponto que pode surgir um problema que considero muito sério, a pessoa abraçar para si um problema que NÃO É DELA, e que precisa ser resolvido pela outra pessoa, exatamente porque faz parte do SEU carma, entende?
Por isso que falei que na linguagem metafísica o nome disso é INTERFERÊNCIA.
O que pode ser gerado de consequências a partir dessa escolha? Muitas coisas, mas o principal problema é a pessoa que foi ajudada não ter o seu processo evolutivo acontecendo como deveria, porque aquele problema que foi abraçado pela pessoa caridosa era FUNDAMENTAL para que ela transcendesse um defeito, ou uma indisposição, algum medo etc. que fazia parte dos seus processos.
Também pode acontecer de a pessoa que foi caridosa se tornar sobrecarregada de tarefas e desta forma perder vitalidade, se anular, ficar apática ou até mesmo adoecer fisicamente.
Estou falando apenas algumas consequências, isso porque se entrasse no mérito espiritual, esse texto se tornaria imenso.
Está conseguindo entender o que estou falando aqui? Esse tema é muito delicado e sutil.
Eu sei que nessa hora talvez algum leitor se pergunte: “Mas se não busco ajudar as pessoas, então eu estou sendo egoísta!”.
Bem! Esse pensamento é mais comum do que podemos imaginar. É preciso diferenciar uma atitude egoísta de uma atitude de amor. A atitude de amor verdadeiro sempre está ligada à COMPAIXÃO, e não à PENA, à DÓ ou coisas do gênero, que é o que estou tratando aqui.
Se eu me canso para ajudar alguém, muitas vezes a outra pessoa não consegue nem imaginar que essa ajuda está prejudicando o seu próprio crescimento, a sua própria evolução como ser humano. Conhece a estória da vaquinha? Se não, clique [aqui], você vai entender bem o que estou lhe dizendo…
Veja só alguns comportamentos comuns que surgem nessas pessoas: comodismo, preguiça, procrastinação, ingratidão, estupidez e a lista não para…
Um dos pensamentos comuns destas pessoas que são ajudadas naquilo que era de total responsabilidade delas é esse aqui: “Pra quê que eu vou fazer, se o(a) fulaninho(a) faz por mim?”. Percebe? Nesse pensamento “ingênuo” estão a preguiça, o comodismo, a ingratidão e vários outros comportamentos e sentimentos deletérios.
“Que o meu cansaço a outros descanse…”
Há também uma importante reflexão a respeito do CANSAÇO, que quero falar para você.
O cansaço em alguns casos pode SIM ser muito bom! Quando então? Vou lhe explicar. Quando ele pode beneficiar um número muito grande de pessoas, quando ele é feito por uma multidão. Aí sim! A atitude é completamente diferente.

Sabe um exemplo bacana do que estou falando aqui? A querida Madre Teresa de Calcutá. Essa santa mulher entendia o lado positivo desta frase. O cansaço dela era para que houvesse uma restauração das almas que dela se aproximavam, e tal atitude não tem absolutamente nenhuma relação com submissão nem com interferências nos processos de ninguém.
Ahh! Você pensava que não tinha esse lado? É claro que tem, oras! Nesse eu acredito, e espero que você também.
Vou me colocar como exemplo. Se alguém vem a mim para conversar e de forma sincera quer um conselho para que melhore sua forma de levar a vida, eu posso ficar horas conversando e até mesmo ficar cansado, mas eu fico muito feliz, porque sei que fiz algo de positivo.
Agora alguém chegar até mim querendo que eu resolva algo no qual sinto que faz parte dos seus processos individuais, certamente essa pessoa receberá de mim um sonoro e convicto NÃO.
Você consegue perceber a diferença sutil entre as duas situações? Estou tentando ser o mais claro possível para que você entenda a mensagem.
E então? O que achou? Reflita sobre isso e busque ser um canal de luz e de transformações verdadeiras aonde você for. Que as pessoas olhem para você e sintam que estão diante de uma pessoa do bem, que promove consciência.
O nosso mundo precisa urgentemente de mais pessoas com essa postura! Busque ser você uma delas.
Ajude as pessoas sendo você mesmo, mas jamais perdendo a sua individualidade. Essa é a atitude que faz toda a diferença…
Paz e luz.