As pequenas coisas da vida

Por Isaias Costa

Estamos vivendo em uma época dominada pelo consumismo. Um capitalismo selvagem destruidor da felicidade das pessoas. A felicidade está associada a quanto você recebe no final do mês, em qual carro está estacionado na sua garagem, em quantos tablets, smartphones, celulares de última geração, TV’s em 3D e toda essa parafernália de eletrônicos que são uma febre hoje.

Mas, será que a felicidade está nessas coisas? Eu sinceramente acho que não. De que adianta você ter tudo isso se não tem pessoas queridas ao seu redor para dividir momentos juntos, rir juntos, tirar sarro da cara do outro junto. JUNTO. Adoro essa palavra. Ela tem o poder de nos retirar da nossa solidão e daquele sentimento de desamparo comum de todo ser humano.

Existem momentos que são mágicos na vida. Mas as pessoas estão tão preocupadas com ganhar mais, ou comprar aquele tão sonhado computador que só falta ler os seus pensamentos de tão moderno, que vão pouco a pouco, perdendo o brilho e o encantamento por viver esses momentos. Por exemplo. O belo por do sol, está lá, todos os dias, uma maravilha da natureza, o céu mudando de cor, percorrendo quase todas as cores do arco-íris, ficando violeta, laranja, vermelho, traços de verde. Vemos tudo isso como algo banal, esquecemos o quanto é bom parar alguns minutinhos para contemplar esse espetáculo, que, além de belo, é gratuito e todos tem acesso.

Uma coisa que está destruindo a profundidade dos relacionamentos afetivos e amorosos hoje em dia é a famosa “falta de tempo”. Quem nunca disse para aquele amigo ou amiga, em um dia de muito trabalho. “Não posso conversar hoje! Estou muito cansado! Trabalhei o dia inteiro!”. A magia dos momentos sendo esparramada pelas nossas mãos. Muitas vezes, quando alguém vem até nós para conversar, não quer saber se você está cansado, descansado, triste, feliz, eufórico, ou o que seja. Ela quer apenas alguém que lhe escute. É algo muito simples, mas que está se tornando raro de se ver, alguém partilhando a vida com os amigos, apenas aproveitando o momento, sem pressa de chegar em casa ou assistir o episódio da novela das 6, 7, 9, 11 horas da noite.

Sempre me lembro do livro do pequeno príncipe, que fala da redoma de vidro. Se a flor ficar em uma redoma de vidro ela vai ficar triste, vai murchar, e poderá até morrer. Mas se ela ficar ao ar livre, sendo regada diariamente, com cuidado e carinho. Ela vai ficar muito feliz e vai se manter sempre bonita. Assim é também com as pessoas e os relacionamentos. Eles precisam ser regados diariamente com carinho e dedicação. Sem isso a vida não passa de pura superficialidade, nivelamento por baixo. Eu não quero isso pra mim. Gosto de estar com pessoas e conhecer um pouco do que se passa com elas. Minha vida acontece assim, um contínuo processo de dar e receber. Dou um pouco do que sou para os outros, e recebo um pouco do que elas são. Todos saem ganhando, acumulando experiências de vida.

Então, o que você acha de hoje parar um pouco, deixar um pouco o facebook e fazer uma coisa diferente? Caminhar na praia, ver uma apresentação de humor com os amigos, jogar boliche e fazer grandes strikes, disputando quem é o melhor, andar de bicicleta até ficar com as pernas doendo, comprar um quebra-cabeça de 1000 peças e tentar montá-lo, chamar os amigos até sua casa para tocar violão e cantar até ficar com dor de garganta, andar de skate, patinar, e por aí vai.

A nossa vida é cheia de pequenos momentos que marcam a nossa história. São esses momentos que dão sentido a ela e nos dão o brilho de viver. Saibamos aproveitá-los e dar a devida importância a eles.

 * Para ouvir a leitura desse texto basta clicar [aqui]

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Uma resposta para “As pequenas coisas da vida

  1. Muito bom, gostei bastante!

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