Solidão e solitude numa visão filosófica

Por Isaias Costa

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Tempos atrás escrevi um texto falando sobre a diferença entre solidão e solitude. Alguns meses depois eu me deparei com um texto do filósofo e místico Osho exatamente com o mesmo título e fiquei impressionado, porque eu nunca tinha lido antes. Então resolvi acrescentar suas belíssimas e sábias palavras ao que já tinha exposto. Aos que não leram o texto anterior segue o link e logo em seguida o texto do Osho. Vamos cultivar a solitude…

Solidão e Solitude

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Solidão e Solitude

“Nascemos sós, vivemos sós e morremos sós. A solitude é nossa verdadeira natureza, mas não estamos cientes dela. Por não estarmos cientes, permanecemos estranhos a nós mesmos e, em vez de vermos nossa solitude como uma imensa beleza e bem-aventurança, silêncio e paz, um estar à vontade com a existência, a interpretamos erroneamente como solidão.

A solidão é uma solitude mal interpretada. E uma vez interpretando mal sua solitude como solidão, todo o contexto muda. A solitude tem uma beleza e uma imponência, uma positividade; a solidão é pobre, negativa, escura, melancólica. A solidão é uma lacuna. Algo está faltando, algo é necessário para preenchê-la e nada jamais pode preenchê-la, porque, em primeiro lugar, ela é um mal entendido. À medida que você envelhece, a lacuna também fica maior. As pessoas têm tanto medo de ficarem consigo mesmas que fazem qualquer tipo de estupidez. Vi pessoas jogando baralho sozinhas, sem parceiros. Foram inventados jogos em que a mesma pessoa joga cartas dos dois lados.

Aqueles que conheceram a solitude dizem algo completamente diferente. Eles dizem que não existe nada mais belo, mais sereno, mais agradável do que estar só.

A pessoa comum insiste em tentar se esquecer de sua solidão, e o meditador começa a ficar mais e mais familiarizado com sua solitude. Ele deixou o mundo, foi para as cavernas, para as montanhas, para a floresta, apenas para ficar só. Ele deseja saber quem ele é. Na multidão é difícil; existem tantas perturbações… E aqueles que conheceram suas solitudes conheceram a maior das bem-aventuranças possíveis aos seres humanos, porque seu verdadeiro ser é bem-aventurado.

Após entrar em sintonia com sua solitude, você pode se relacionar. Então, seu relacionamento trará grandes alegrias a você, porque ele não acontecerá a partir do medo. Ao encontrar sua solitude, você pode criar, pode se envolver em tantas coisas quanto quiser, porque esse envolvimento não será mais fugir de si mesmo. Agora, ele será a sua expressão, será a manifestação de tudo o que é seu potencial.
Porém, o básico é conhecer inteiramente sua solitude.

Assim, lembro a você, não confunda solitude com solidão. A solidão certamente é doentia; a solitude é perfeita saúde. Seu primeiro e mais fundamental passo em direção a encontrar o significado e o sentido da vida é entrar em sua solitude. Ela é seu templo, é onde vive seu Deus, e você não pode encontrar esse templo em nenhum outro lugar.”

482401_404512223012213_1052589395_n* Para ouvir a leitura desse texto basta clicar [aqui]

4 Comentários

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4 Respostas para “Solidão e solitude numa visão filosófica

  1. Rayssa Silva

    Estou adorando e me identificando muito com esse assunto, e seus textos.
    Você tem indicações de livros sobre solidão e solitude?

    • Muito obrigado pelo seu comentário Rayssa. Tenho sim ótimas indicações de livros para ti. A principal é o livro “Amor, liberdade e solitude”, do Osho. Esse livro foi quase um tapa na minha cara. Ele traz a brilhante visão de um iluminado sobre a solidão e solitude. Esse livro vai fazer você refletir pra caramba, garanto que sim!
      Outro muito bom também é o “Ostra feliz não faz pérola”, do mestre Rubem Alves, um livro de leitura deliciosa. Esse senhor era um poeta da vida!
      E por último, agora esses são livros um pouco mais complexos, por causa da linguagem, mas são ótimos. Os livros do grande Nietzsche, principalmente o “Assim falou Zaratustra”.
      Esses livros são magníficos. Participe mais vezes nos comentários, viu? Grande abraço!

  2. Pingback: Caspar David Friedrich e a Solitude – CESAR School Filo 2018.1

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