Nossas pequenas corrupções

Por Isaias Costa

Imagem-Pessoal-e1400616332108O Brasil está passando por um profundo período de crises. Tenho consciência delas, porém evito escrever a respeito por um motivo muito simples. Antes de ver os erros dos outros, eu sempre me olho no espelho e acabo enxergando os muitos erros e defeitos que tenho.

Sabendo deles, não consigo colocar meus dedos no teclado do computador e sair julgando os políticos por corrupção, ou o congresso ou a Dilma Rousseff.

Neste texto quero fazer você refletir a respeito das pequenas corrupções que você pratica no dia a dia. Para embasar esse texto, usarei um exemplo da minha própria vida. Já cometi muitos atos de corrupção e não tenho nenhuma vergonha de admiti-lo, pelo contrário, estou utilizando-os para lapidar o meu caráter, no intuito de que se torne cada vez mais honesto e sincero.

Quem lê meus textos, provavelmente já sabe que sou professor, e uma das minhas fontes de renda é com aulas particulares. Ensino garotos e garotas desde o ensino fundamental até alunos do ensino superior.

Certa vez, no fim do ano de 2013, tive uma experiência que me fez muito mal, fiquei com um enorme peso na minha consciência. Vou explicar como se deu.

Uma jovem me contactou pedindo aulas particulares de Física para sua disciplina da faculdade. Ela fazia Engenharia e levava o curso totalmente na brincadeira. Dei uma aula para ela e no primeiro dia já percebi sua falta de vontade em estudar. Ela queria tudo pronto, tudo caindo do céu. Mas por acaso existe algum conhecimento que cai dos céus na nossa cabeça? Com certeza não, mas era o que ela queria.

Quando chegou o dia da segunda aula ela não quis mais e desconversou. Pensei à princípio que ela não havia gostado da minha aula, então não me importei, porém ela disse que ligaria para mim dentro de uma semana. Concordei e fiquei esperando sua ligação.

Quando ela me ligou pedindo a aula particular, cheguei em sua casa e ela não estava. Apenas seu namorado estava. Então perguntei por ela.

Seu namorado falou que ela estava na prova apenas esperando que eu escrevesse a solução das questões em um papel, batesse foto com o celular e mandasse via internet para ela.

Em outras palavras, ela “colou” a prova inteira e eu fui o seu comparsa.

Voltei para casa me sentindo muito mal mesmo. Sabia que tinha feito uma coisa errada. Um cidadão ético não faz esse tipo de coisa. Conversei com a minha mãe, expliquei a ela o que aconteceu e ela me encorajou a dispensar essa aluna.

E foi o que eu fiz! Quando ela me ligou novamente querendo que fizesse a mesma coisa, disse que não poderia, porque esse tipo de atitude não condiz com meus valores humanos.

Digo sem nenhum medo ou receio. Esse foi, provavelmente, o pior dinheiro que já recebi na vida. Cada centavo gasto me veio com um sentimento ruim de que não deveria tê-lo recebido de uma forma desonesta.

Contei essa história com o objetivo de lhe fazer refletir sobre nossa pequenas corrupções do dia a dia. Essa foi uma corrupção com todas as letras. Para algumas pessoas essa pode ser considerada uma atitude simples, ou no dito popular “bestinha”. Não! Não é mesmo! E se você que me lê agora acha que é bestinha, sinto lhe dizer, a semente da corrupção está bastante implantada no seu coração só esperando uma oportunidade para germinar.

Corrupção é algo que está presente dentro da natureza de todos nós. E o que nos distancia dela? Uma palavra mágica chamada CARÁTER.

Aproveito para compartilhar um dos textos mais lidos deste blog, da educadora Eliana Sousa Sicsú falando sobre a palavra caráter. Se você ainda não o leu, recomendo fortemente. O link segue abaixo.

A palavra caráter

E você? Quantas pequenas corrupções você já cometeu ou quem sabe ainda comete e acha que é algo “bestinha”? Você teria coragem de compartilhá-las nos comentários?

Não precisa comentar! Quero apenas que você reflita sobre isso e antes de culpar o governo, a Dilma ou quem quer que seja, olhe para sua imagem refletida no espelho…

* Para ouvir a leitura desse texto basta clicar [aqui]

8 Comentários

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8 Respostas para “Nossas pequenas corrupções

  1. Julia

    Meu comentário é sobre franqueza, que gostava de vê-lo até escrever sobre isso. O que é franqueza, quando devemos ser francos. Será que isso é bom? Ajudará alguem, ou nós próprios?
    Mas sobre a sua corrupção, sim acho que foi mau, ajudar alguem com poucos escrupulos, a subir na vida, mas lá está o ditado que diz que as acções são para quem pratica.
    E fazemos uso de tantos momentos que temos nas 24 horas de cada dia, que é muito natural, que nalgum a gente falhe.
    Ainda assim, eu gosto de julgar. Não as pessoas, evidentemente, mas aquilo que elas fazem. E se alguem me julgar, até agradeço pois me ajudará a emendar, se for caso disso.

    • Eu já escrevi neste blog um texto falando sobre a franqueza, mas ele é super dificil de acessar por causa do título. O título do texto é “N”. Ele tem esse título porque associei franqueza com fraqueza, pois muitos consideram fraqueza uma pessoa ser franca, o que é um equívico.
      Vou deixar o link para você ler, espero que goste e busque cada vez mais na sua vida a franqueza, para desta forma moldar um caráter firme, honesto e sincero.
      Beijo!

      “N”

  2. stevejobsdoagora

    devemos arrumar nossos defeitos antes de apontar os dos outros

  3. maricele bissa alpoim

    o que as pequenas corrupções causam e alimentam em nossa sociedade?

  4. Giovanna

    Seu texto é profundamente inspirador…

  5. Nao tem como nao parar e refletir sobre nossos atos, texto maravilhoso!

  6. Gabriel

    Qual o gênero é tipologia do texto?

    • Olá Gabriel! Esse texto se encaixa no gênero “Artigo de opinião” e o tipo é dissertativo expositivo, pois não estou tentando convencer ninguém sobre nada.
      Gostei da tua pergunta! Acredita que nunca ninguém me fez esse tipo de pergunta? Muito obrigado meu amigo!!

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