O oceano do desconhecido

Por Isaias Costa

Um dos melhores documentários que assisti em 2013 foi o “Eu maior”, riquíssimo de ensinamentos e lições de vida. Já assisti duas vezes e revi diversos trechos. Hoje vou fazer uma breve reflexão a partir de um dos trechos em que o Físico Marcelo Gleiser fala.

“Eu estou muito interessado hoje em dia na questão do conhecimento, do quanto a gente pode conhecer sobre o mundo. Então, uma maneira de você representar isso, metaforicamente, é você pensar que tudo o que a gente conhece está numa ilha e essa ilha é cercada pelo desconhecido e, à medida que o conhecimento vai avançando, a gente vai desenvolvendo novos instrumentos, novas teorias, e tal. Essa ilha vai crescendo, mas, à medida em que ela cresce, cresce também a margem que ela faz, a fronteira com o desconhecido. Ou seja, quanto mais a gente conhece sobre as coisas, mais a gente desconhece também. Mais perguntas surgem e essa questão está ligada profundamente com a questão do quanto a gente pode conhecer do mundo, porque o ponto é que se, o oceano do desconhecido, vamos dizer assim, em princípio é infinito, ou seja, a gente, mesmo que o conhecimento humano aumente com o tempo, a gente nunca vai poder conhecer tudo sobre o mundo. Então a nossa visão do mundo é, necessariamente, incompleta. Então, a gente tem que viver com essa sabedoria, que a gente nunca vai poder ter uma visão completa do mundo, o que não nos torna menos humanos. Na realidade, nos torna mais humanos e menos deuses…”

oceano

Eu achei incrível essa sua colocação e penso da mesma maneira. É aquela velha questão filosófica sobre o “Só sei que nada sei”. Quanto mais conhecemos sobre o mundo, mais o desconhecemos. Esse é, para mim, um dos mais belos paradoxos da humanidade. Eu sou apaixonado pelo conhecimento, amo a leitura e a aquisição de novos conteúdos. Contudo, tenho essa consciência do quanto não sei e preciso me aperfeiçoar. É interessante destacar a profunda relação que existe entre o conhecimento, a humildade e o ego. Para que possamos crescer em conhecimento e sabedoria é preciso desenvolver a humildade e também se desvencilhar do ego. O ego é um dos maiores destruidores da criatividade e da mente aberta para o novo. Mais uma vez retorno ao paradoxo, quanto mais penso que sei, menos eu sei e mais me afasto do conhecimento da verdade e do desenvolvimento da sabedoria.

Eu erro: logo existo

Essa questão do lado humano e divino é muito interessante. Nós somos deuses, pois temos dentro de nós um poder criador imenso. Não me entenda mal! Essa colocação soa estranha para as pessoas mais religiosas. Não estou falando em divindade em termos de mundo ou universo físico, mas em humanidade. Somos deuses para a criação de coisas no mundo do humano. Há uma dualidade entre o humano e o divino. Quanto mais pensamos que somos deuses, menos humanos nos tornamos e quanto menos pensamos que somos deuses, mais nos tornamos humanos e, além disso, quanto mais humanos nós somos, mais crescemos na dimensão do espiritual, que também está vinculado ao nosso lado divino. Essa é uma discussão filosófica, mas não é tão difícil de compreender. Em resumo, quanto mais crescemos em humildade e nos desvencilhamos do ego, mais nos tornamos humanos, consequentemente mais espirituais e por fim, mais divinos. Porém, esse é um caminho de autoconhecimento que deve ser buscado diariamente e incessantemente. Devemos estar sempre abertos para o desconhecido e para o aprendizado de novas ideias. Desta forma, podemos crescer em sabedoria e em amor.

O olhar desatento

Curinga (2)

Quero concluir deixando uma excelente sugestão de leitura que me veio em mente desde a primeira vez que assisti a esse documentário. Trata-se do livro “O dia do curinga”, do escritor norueguês Jostein Gaarder. Este é um livro de teor filosófico com uma leitura muito simples e profundamente instigante. Ele mostra de forma incrível esse oceano do desconhecido. O personagem da estória principal encontra uma ilha e ela vai crescendo cada vez mais à medida em que ele adentra seus territórios. Exatamente como foi descrito pelo Marcelo Gleiser nesse vídeo. Esse foi um dos livros que mais marcou a minha vida e me ajudou a despertar minha alma filosófica. Quem sabe ele não faz o mesmo com você? Deixo abaixo o link de uma excelente sinopse deste livro. Vale muito a pena a leitura… Vamos navegar no oceano do desconhecido?…

Sinopse: o dia do curinga

* Para ouvir a leitura desse texto basta clicar [aqui]

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